terça-feira, 27 de março de 2012

18º Cap. The Conflict


Uma semana se passou, e nenhuma melhora, nenhum movimento, nenhum piscar, nada. Durante essa semana, nem minha mãe, nem o pai dele nos procuraram, mas sinceramente, o que eu menos me importava naquele momento, era o que eles pensavam a respeito do nosso relacionamento.
Nessa semana Mariana me trouxe algumas roupas de casa e alternava com o Lucas e a Isabella para me fazer companhia. Não sentia vontade de nada, não sentia vontade de rir, de chorar, de sair do lado dele, ao mesmo tempo que eu me sentia fraco, eu me sentia na obrigação de ser forte, eu precisava fazer isso por ele, ele que sempre foi forte, corajoso, sempre moveu montanhas por mim.
Mas foi na segunda-feira, da outra semana, que o que eu menos imaginava, aconteceu. O pai dele apareceu no hospital.

Hospital - 10:00 am

_Yan, posso falar com você um minutinho?

Olhei para o Dr. Guilherme, fatigado, exausto e apenas acenei com a cabeça. Me levantei, deixei a mão do meu namorado em cima da cama, ao lado do seu corpo, e fui de encontro ao Dr.

_Yan, o Pai do Felipe está na recepção.

Disse o Doutor Guilherme.

_E por que o senhor está me dizendo isso?

Notei que a pergunta, o tanto estúpida, mas àquela altura, eu já não sabia o que era hostil ou não, no entanto, ele não pareceu se importar com minha grosseria.

_Se me permite dizer, acredito que não tenha uma boa relação com o pai dele.
_Na verdade, eu tinha, até ele machucar o meu namorado.
_O que eu quero que você entenda Yan, é que o Felipe está num estado extremamente delicado...
_Fique tranquilo doutor, eu não farei nada, como o senhor pode ver, eu não tenho nem condições para isso.
_Não acha melhor sair um pouco? dar uma volta, ou até mesmo ir em casa descançar?
_Não, isso eu não farei, não sairei do lado dele, em momento algum.

Após a saída do doutor, me sentei novamente ao lado da cama, e segurei a mão do meu namorado. Eu não me importava que ele me visse, eu não me importava que ele falasse algo, mas de uma coisa eu tinha certeza, ele nunca mais machucaria meu namorado.
Depois de alguns minutos, ouvi a porta atrás de mim abrir, eu não o via, mas eu sabia que estava na porta, estático, a porta se fechou, ouvi passos lentos, olhando de soslaio, percebi que ele estava ao meu lado, um silêncio que durou aproximadamente meio minuto.

_O que você está fazendo aqui?

Perguntou ele num tom reprovativo

_Amparando meu namorado, da besteira que você fez

Ele parou de fronte a mim, olhei para ele, vi seus olhos inchados, aparentemente não dormia a dias, estava igualmente terrível, exausto.

_Escuta aqui moleque, eu amo meu filho.

Me levantei, o encarei e perguntei:

_Se o ama tanto, por que fez isso com ele?

Ele me olhou horrorizado:

_Eu...eu não sei onde eu estava com a cabeça, ele está errado, ele não pode...ser...
_Fala, por que você não fala? Bixa? Viado? Gay?
_É...

Apesar da discussão toda ter sido em voz baixa, ele sussurrou, mais baixo ainda, como se estivesse com medo de alguém ouvir.

_Se o ama de verdade, isso não fará diferença, ele é SEU FILHO!
_EU SEI! Eu...pensei bastante...eu...eu sei que eu errei...

Ele abaixou os olhos e começou a chorar. Toda aquela raiva, aquele ódio que eu estava sentindo a segundos antes, sumiu. Quando o vi chorar, me lembrei do Felipe, nunca tinha notado que eles eram tão parecidos...me aproximei, encostei no braço dele e disse:

_Ele não corre risco de vida, precisa de nós, precisa de você, precisa de mim.

Ele afastou o braço do meu, mas disse:

_Eu sei...eu não farei nada que possa machuca-lo...

Foi aí, que eu percebi, de quem o Felipe havia puxado, suas principais qualidades. Não foi dito mais nada, apenas nos sentamos, e esperamos...Depois de alguns minutos, o Doutor Guilherme abriu a porta, acredito, que fora ver se estava tudo em ordem, ao ver que não havia brigas nem nada, fechou a porta e voltou ao trabalho. Duas horas mais tarde, ele olhou para mim e perguntou:

_Você não quer comer algo...?

Percebi, pelo tom dele, que era uma pergunta difícil, que havia lhe custado toda força de vontade. Mas preferi polpa-lo dessa conversa, nesse momento tão delicado.

_Não...eu estou bem, valeu, mas se quiser, pode ir, eu fico aqui.

 Ele me mediu, durante alguns instantes, até hoje eu não consegui descobrir, o que se passava na cabeça dele.

_Ok...eu volto logo, qualquer coisa me avise por favor.
_Pode ficar tranquilo.

Ao chegar na porta, ele a abriu, voltou a olhar pra mim e disse:

_Obrigado...

Antes que eu pudesse responder, ele fechara a porta. Toda aquela conversa, toda aquela situação, haviam sido tão surreais, que eu estava começando a achar, que havia pego no sono e tinha sonhado. Segurei as mãos dele, estavam frias, a respiração dele, lenta, fraca...Apoiei a cabeça no seu braço, e chorei, não aguentava aquilo, não suportava mais ve-lo daquele jeito, não suportava a ideia de viver sem ele...

_Fe, se voce pode me ouvir, por favor, eu te imploro, volta pra mim, não faz isso comigo, não consigo mais ficar sem voce, não consigo mais ser forte...me perdoa...

Ainda com a cabeça apoiada nele, eu ouvi, um sibilo, menos que um sussurro, que vinha dele, Meu coração parou na hora, tentando ouvir melhor o que era, foi quando eu ouvi as palavras:

_E...u....t...e....a....m...o

Nenhum comentário:

Postar um comentário