terça-feira, 27 de março de 2012

18º Cap. The Conflict


Uma semana se passou, e nenhuma melhora, nenhum movimento, nenhum piscar, nada. Durante essa semana, nem minha mãe, nem o pai dele nos procuraram, mas sinceramente, o que eu menos me importava naquele momento, era o que eles pensavam a respeito do nosso relacionamento.
Nessa semana Mariana me trouxe algumas roupas de casa e alternava com o Lucas e a Isabella para me fazer companhia. Não sentia vontade de nada, não sentia vontade de rir, de chorar, de sair do lado dele, ao mesmo tempo que eu me sentia fraco, eu me sentia na obrigação de ser forte, eu precisava fazer isso por ele, ele que sempre foi forte, corajoso, sempre moveu montanhas por mim.
Mas foi na segunda-feira, da outra semana, que o que eu menos imaginava, aconteceu. O pai dele apareceu no hospital.

Hospital - 10:00 am

_Yan, posso falar com você um minutinho?

Olhei para o Dr. Guilherme, fatigado, exausto e apenas acenei com a cabeça. Me levantei, deixei a mão do meu namorado em cima da cama, ao lado do seu corpo, e fui de encontro ao Dr.

_Yan, o Pai do Felipe está na recepção.

Disse o Doutor Guilherme.

_E por que o senhor está me dizendo isso?

Notei que a pergunta, o tanto estúpida, mas àquela altura, eu já não sabia o que era hostil ou não, no entanto, ele não pareceu se importar com minha grosseria.

_Se me permite dizer, acredito que não tenha uma boa relação com o pai dele.
_Na verdade, eu tinha, até ele machucar o meu namorado.
_O que eu quero que você entenda Yan, é que o Felipe está num estado extremamente delicado...
_Fique tranquilo doutor, eu não farei nada, como o senhor pode ver, eu não tenho nem condições para isso.
_Não acha melhor sair um pouco? dar uma volta, ou até mesmo ir em casa descançar?
_Não, isso eu não farei, não sairei do lado dele, em momento algum.

Após a saída do doutor, me sentei novamente ao lado da cama, e segurei a mão do meu namorado. Eu não me importava que ele me visse, eu não me importava que ele falasse algo, mas de uma coisa eu tinha certeza, ele nunca mais machucaria meu namorado.
Depois de alguns minutos, ouvi a porta atrás de mim abrir, eu não o via, mas eu sabia que estava na porta, estático, a porta se fechou, ouvi passos lentos, olhando de soslaio, percebi que ele estava ao meu lado, um silêncio que durou aproximadamente meio minuto.

_O que você está fazendo aqui?

Perguntou ele num tom reprovativo

_Amparando meu namorado, da besteira que você fez

Ele parou de fronte a mim, olhei para ele, vi seus olhos inchados, aparentemente não dormia a dias, estava igualmente terrível, exausto.

_Escuta aqui moleque, eu amo meu filho.

Me levantei, o encarei e perguntei:

_Se o ama tanto, por que fez isso com ele?

Ele me olhou horrorizado:

_Eu...eu não sei onde eu estava com a cabeça, ele está errado, ele não pode...ser...
_Fala, por que você não fala? Bixa? Viado? Gay?
_É...

Apesar da discussão toda ter sido em voz baixa, ele sussurrou, mais baixo ainda, como se estivesse com medo de alguém ouvir.

_Se o ama de verdade, isso não fará diferença, ele é SEU FILHO!
_EU SEI! Eu...pensei bastante...eu...eu sei que eu errei...

Ele abaixou os olhos e começou a chorar. Toda aquela raiva, aquele ódio que eu estava sentindo a segundos antes, sumiu. Quando o vi chorar, me lembrei do Felipe, nunca tinha notado que eles eram tão parecidos...me aproximei, encostei no braço dele e disse:

_Ele não corre risco de vida, precisa de nós, precisa de você, precisa de mim.

Ele afastou o braço do meu, mas disse:

_Eu sei...eu não farei nada que possa machuca-lo...

Foi aí, que eu percebi, de quem o Felipe havia puxado, suas principais qualidades. Não foi dito mais nada, apenas nos sentamos, e esperamos...Depois de alguns minutos, o Doutor Guilherme abriu a porta, acredito, que fora ver se estava tudo em ordem, ao ver que não havia brigas nem nada, fechou a porta e voltou ao trabalho. Duas horas mais tarde, ele olhou para mim e perguntou:

_Você não quer comer algo...?

Percebi, pelo tom dele, que era uma pergunta difícil, que havia lhe custado toda força de vontade. Mas preferi polpa-lo dessa conversa, nesse momento tão delicado.

_Não...eu estou bem, valeu, mas se quiser, pode ir, eu fico aqui.

 Ele me mediu, durante alguns instantes, até hoje eu não consegui descobrir, o que se passava na cabeça dele.

_Ok...eu volto logo, qualquer coisa me avise por favor.
_Pode ficar tranquilo.

Ao chegar na porta, ele a abriu, voltou a olhar pra mim e disse:

_Obrigado...

Antes que eu pudesse responder, ele fechara a porta. Toda aquela conversa, toda aquela situação, haviam sido tão surreais, que eu estava começando a achar, que havia pego no sono e tinha sonhado. Segurei as mãos dele, estavam frias, a respiração dele, lenta, fraca...Apoiei a cabeça no seu braço, e chorei, não aguentava aquilo, não suportava mais ve-lo daquele jeito, não suportava a ideia de viver sem ele...

_Fe, se voce pode me ouvir, por favor, eu te imploro, volta pra mim, não faz isso comigo, não consigo mais ficar sem voce, não consigo mais ser forte...me perdoa...

Ainda com a cabeça apoiada nele, eu ouvi, um sibilo, menos que um sussurro, que vinha dele, Meu coração parou na hora, tentando ouvir melhor o que era, foi quando eu ouvi as palavras:

_E...u....t...e....a....m...o

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

17º Cap. The Coup

Naquela noite, sonhei com um cemitério, eu caminhava e lia nas lápides os nomes de amigos, parentes. O cemitério estava escuro embora não fosse noite ainda, as estátuas e imagens de santos e anjos acompanhavam me com o olhar, até que eu cheguei ao centro do cemitério, onde havia uma enorme árvore, não sei bem qual, nunca entendi muito de árvores, mas ela estava morrendo as folhas caiam secas, mortas, dando ao ambiente a sensação de pleno outono, mas além disso, eu conseguia sentir a tristeza.
Senti uma angustia, uma vontade de ajudar, vontade não, quase como um dever, como se fosse minha culpa que ela estivesse morrendo. Só depois de um tempo encarando a árvore, notei que havia algo escrito em seu tronco, me aproximei e onde deveria estar uma parte da raiz no solo, havia um pequeno montinho de terra, ao olhar para a árvore novamente, lia-se em seu tronco

Aqui Jaz Felipe João dos Santos Souza

Acordei  suando com o susto do sonho, já era de manhã e meu quarto estava exatamente como eu o deixei antes de dormir, em meu celular dez ligações perdidas da Mariana. Sinceramente não sentia animo para ligar para ela. Me levantei e fui para o chuveiro, depois que sai do banho quente, tentei novamente ligar para o Felipe, e o maldito celular, só chamava. Comecei a chorar com medo de ter acontecido algo. Quando dei por mim estava ajoelhado no chão do meu quarto com a cabeça pousada pesadamente sobre o colchão da cama apenas de bermuda. Ouvi passos na escada e ouvi a porta do meu quarto se abrir atrás de mim.

_Bom dia Yan...é...está tudo bem? – Disse Maria desconcertada
_Sim – secando as lágrimas do rosto – só estava procurando uma camiseta limpa.
_O café já está servido e sua mãe o espera para comer. – Disse Maria.
Coloquei uma camiseta retirada da mala, que eu ainda não desfizera, e desci, minha mãe estava atônita, comendo seu cereal com frutas e mel, vestida para ir para a faculdade.
_Bom dia – eu disse.
_Bom dia – disse ela secamente sem ao menos levantar o olhar para mim.

Foram as únicas palavras trocadas no café da manhã todo. Quando o relógio marcou dez para as oito, minha mãe levantou-se, dirigiu-se até a sala de estar, pegou as chaves do carro, e saiu de casa, sem ao menos me dar tchau.
Corri para arrumar minhas coisas, pois iria a casa do Felipe, enquanto eu estava correndo procurando meu celular, a campainha de casa tocou, me perguntei quem deveria ser a uma hora daquelas. Novamente ouvi o sapatinho de camurça preto de Maria subindo as escadas.

_Tem um rapaz lá em baixo que quer falar com o senhor.

Meu coração foi para a boca, será que era meu namorado, desci correndo as escadas até encontrar com a Mariana e meu amigo que não via fazia tempo, Lucas. Ele estava um pouco mudado, vestia uma camisa salmão e uma calsa jeans azul escura, tênis preto e o cabelo bagunçado, notei que a camisa dele trazia um leve amassado, como quem acorda correndo. Antes que eu pudesse perguntar o que ele estava fazendo na minha casa, Mariana perguntou:

_Por que você não atende ao celular?

Havia um quê de irritação e preocupação em sua voz.

_Ah Mari...desculpa, mas eu preciso ver o Felipe, ele não atende o celular.
_Eu sei Yan, é por isso que nós viemos aqui, vamos te levar ao hospital para ver ele.
– Disse Lucas, com uma expressão cansada e triste.
Quando ele disse a palavra hospital, meu coração parou, minha respiração cessou e minha cor se esvaiou.
_O que aconteceu com ele? – Perguntei com dificuldade
_Não sei bem o que aconteceu, mas parece que ele e o pai tiveram uma briga muito feia, ele esta inconsciente Yan, levou uma pancada muito forte na cabeça. - Disse a Mariana

Estava prestes a chorar ali mesmo, mas segurei o choro e disse.

_Então vamos logo.

Corremos para o carro, Lucas acelerou e em quinze minutos estávamos no hospital regional.

_Ele está no sexto andar Yan, vai na frente que eu vou estacionar, Mari, leva ele lá. – Disse Lucas quando eu desci do carro.

Eu corria pelo hospital como se minha vida dependesse disso e Mariana vinha em meus calcanhares. Devo ter ouvido um ou dois seguranças reclamando sobre a correria, mas eu não me importava, naquela hora, nada mais me importava, meu namorado estava inconsciente e precisava de mim.
Quando cheguei ao quarto dele Isabella estava sentada ao lado da cama, com um olhar de tristeza para ele.

_Yan, eu sinto muito. – Disse ela ao me ver.

Caminhei até ele olhei bem para seu corpo, pálido, estava coberto por um lençol incrivelmente branco, seu rosto estaria lindo se não fosse pelos pontos, dados na parte superior direita da sua cabeça. Sentei-me ao lado dele, passei a mão em seus cabelos e a outra repousei sob seu peito, ele respirava, mas seu coração batia fraco, de vagar.

_O que fizeram com você Fe? Por favor, acorda, eu preciso de você.

Comecei a chorar sob o peito do meu namorado. No quarto estávamos eu e ele, Isa e Mari deixaram o quarto logo após minha chegada. Fiquei lá aproximadamente dez minutos sozinho, esperando, que ele levantasse, me chamasse de amor, cabeção, mlk, qualquer coisa. Mas não aconteceu, Lucas entrou no quarto e me abraçou, não vira meu amigo desde nossa partida à praia.

_Fica calmo mlk, ele é forte, vai sair dessa. – Disse ele me abraçando fortemente.
_Tomara Luc...eu não me vejo sem ele.
_Fica calmo, você precisa ser forte para passar essa força para o Felipe.


Me lembrei de quando eu fui a casa dos Leal para tirar Lucas de uma depressão terrível por causa de seu namorado, Ariel. E naquele momento eu me vi no lugar dele, como eu iria viver sem ele? Se acontecesse algo a ele eu não saberia como iria continuar.

_Você precisa falar com o médico Yan, ele tem algumas coisas a te dizer.

Fui procurar o Dr. Guilherme Medeiros.

_Oi Doutor eu sou Yan, o namorado do Felipe, como é que é a situação dele?

Ao dizer a palavra namorado, achei que o doutor iria ao menos esboçar uma expressão de desprezo, mas pelo contrario, me olhou preocupadamente , mesmo sem me conhecer.
O Doutor Guilherme Medeiros era um homem alto e magro de meia idade, cabelos grisalhos, bondosos olhos castanhos.

_Bom Yan a situação dele não é fácil, ele precisa ficar de repouso para ver se responde aos remédios que demos a ele.
_Ele corre risco de vida Doutor?
_Você precisa entender Yan, que a lesão é funda...

_Doutor, pelo amor de Deus, ele vai sobreviver? 


Nesse momento, meu coração batia rápido, mal me atrevi a respirar

_Ele está em coma Yan


Fiquei desesperado, não sabia como aquilo poderia estar acontecendo.

_Faremos todo o possível. – Disse o Doutor com uma expressão de segurança.

Depois da conversa com o médico, não queria mais falar com ninguém, não queria comer e nem dormir, ficaria ali sentado ao lado do meu namorado até ele se levantar. Olhei os pontos que foram dados, o corte não parecia longo, era algo pequeno, mas me preocupava de mais.
Permaneci ali durante dois dias, Lucas, Mariana e Isabella revezavam para vir me visitar, eu não voltei para casa durante esses dias, eu estava esgotado, mas precisava manter-me forte para que meu namorado levantasse daquela cama, me desse um beijo e sorrisse de novo para mim.
Nenhuma visita do pai dele e nem ligação de minha mãe. Mas isso era o que menos me importava. E as únicas perguntas que me vinham a cabeça era “O que havia acontecido?” e “Quando ele iria acordar?”. Ninguém havia me dito, mas eu tinha certeza que era algo com o pai dele.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

16º Cap. The truth

Os dias foram passando, e a viajem foi fazendo um bem incrível tanto para mim quanto para o Felipe. Não encontrara mais o Julio perambulando pelos corredores e logo chegaria o dia em que teríamos que abrir o jogo para nossos parentes.
No ultimo dia de estadia no hotel, arrumamos as coisas nas malas, demos uma volta na praia de mãos dadas, tomamos sorvetes, claro que eu me lambuzei inteiro, nunca soube tomar sorvete sem sujar meu nariz. Eu sentia a vibração e o entusiasmo do Felipe em saber que iríamos contar a nossos pais.
Eu sinceramente, não estava tão animado assim. Comecei a pensar em minha mãe, uma mulher aparentemente fútil, mas era como se fosse uma máscara. Ela era inteligentíssima, viajara a uma boa parte do mundo, falava fluente três idiomas, era formada em Administração, mas não trabalhava. Na verdade, nos últimos anos, seu trabalho fora seduzir velhos, ricos a beira da morte. Pode parecer algo horrível, mas era o que havia garantido uma boa faculdade para mim no futuro, muitas jóias para ela, e uma vida confortável e luxuosa. Se eu disser que não gostava seria mentira, mas preferia que nossa situação financeira não houvesse dependido de um velho que eu mal conhecera.
"Ela deve ter a cabeça aberta" pensei eu "Afinal, ela percorreu o mundo, é inteligente, seria um absurdo chamá-la de ignorante"
Mesmo com esses pensamentos, eu não sentia muita segurança, e era incrível como o Felipe estava confiante. Parecia que o pai dele iria abraça-lo e perguntar a data do casamento. Mas não haveria casamento...Afinal, não somos um casal 'normal'.

_Yan?

Percebi que estava devaneando olhando para o mar.

_Ah, oi feh.
_Nossa, você foi longe ein
_É...
_Tava pensando em que?

Ele me perguntou com um olhar de preocupação.

_Na nossa chegada.

Não iria mentir ou omitir o assunto, sabia que dalí a umas horas, nossos pais estariam cientes da nossa condição, e isso me preocupava.

_Eu sabia...

Ele fechou a cara.

_Feh, como pode ter tanta certeza de que seu pai vai aceitar numa boa?
_Eu não sei Yan, mas por você eu estou disposto a correr esse risco.

Odeio quando ele me deixa sem argumentos.
Me sentei de frente pra ele, olhei bem no fundo dos olhos dele, que estavam com um tom castanho claro por causa da claridade do sol, mas suas feições eram tristes, como de quem acabara de acordar de um sonho maravilhoso.

_Felipe, é a ultima vez que eu vou perguntar isso, você quer mesmo assumir nosso namoro? 

Ele simplesmente segurou meu rosto e olhou sério para mim.

_Eu ja disse milhões de vezes que sim, quem parece que não esta certo disso, é você.
_Ta bom Feh, não perguntarei mais. Mas você sabe, que depois não tem volta.
_Eu sei o que eu estou fazendo Yan. 

Os olhos dele estavam sérios e autoritários, mas mesmo assim, não me sentia seguro.
Nos levantamos e voltamos ao hotel. Tomamos um banho, separados.
Arrumamos as coisas no carro e demos uma ultima olhada naquela praia maravilhosa antes de subir a serra.
Durante a viajem, conversamos descontraidamente sobre assuntos variados. Parecia que não havia existido aquela conversa na areia.
Demoramos pouco mais de duas horas para chegar em casa, quando desci, ele foi categórico

_Hoje a noite contarei pro meu pai de nós dois. 
_Ok, vou conversar com a minha mãe.

Dei-lhe um demorado beijo, e sai do carro com minha mala, ao me ver no jardim, minha mãe veio há meu encontro, um lindo sorriso no rosto, um vestido branco de seda, seus cabelos estavam cortados, seus lindos olhos brilhavam no sol, e a cada passo que eu dava, meu coração batia cada vez mais forte.

_Yan, meu filho, que saudade.
_Também estava mãe.
_Deixe essa mochila que Maria leva para dentro, vamos tomar um chá aqui no jardim, está um dia lindo.

Notei que tinha algo diferente nela, além do novo visual.

_Você está bem?
_Claro que estou filho, por que?

Olhei para ela com um olhar de preocupação, ela então, olhou fundo nos meus olhos, mudando suas feições e disse

_Preciso conversar com você Yan.
_Eu também mãe

Ela me olhou com um olhar curioso, de quem não esperava por isso.

_Mas pode dizer você primeiro

Ao dizer isso, me sentei bem de frente para ela. Uma brisa bateu nos cabelos dela, e parei pra pensar o quanto minha mãe era linda, mais do que eu me lembrara dela.

_Ta bem, começo eu então. Filho, eu sei que eu não fui uma boa mãe e eu sei também que por minha falha, você se tornou uma pessoa reservada. Antes de mais nada, queria pedir desculpas, eu quero participar da sua vida, que quero que você participe da minha, quero conhecer seus amigos, namoradas, enfim, quero ser uma mãe de verdade. 

Ela disse com um olhar sério, mas entusiasmado, meu corpo estremeceu ao ouvir a palavra 'namoradas'.

_Quero voltar a trabalhar, me sentir útil, quero viver de novo Yan, eu me sinto tão vazia.

Olhei chocado com as coisas que ela dissera, mas ela pareceu estar felicíssima por ter dito aquilo tudo, dando um largo e caloroso sorriso. Nesse momento Maria trazia consigo uma bandeja com algumas torradinhas, um bule de porcelana inglesa branca com pequenos desenhos de flores rosas, com duas xícaras que eram parte do conjunto britânico que minha mãe ganhara de casamento. Maria colocou tudo sobre a mesinha do jardim, e se retirou. Minha mãe me serviu olhando fixamente para minha mão, onde estivera a pouco minha aliança denunciando meu namoro secreto. Quando percebi, vi que onde estivera a aliança, ficara uma marca branca, pois durante a viajem, não a tirei por nada. Abaixei lentamente a mão até fujir de suas vistas.

_Bom filho, era isso que eu tinha que dizer

Anunciou após de me servir com um pouco de xá.
Meu coração parou, seria aquele momento que eu tanto temia durante a viajem, minhas mãos começaram a suar, meu coração a palpitar rapidamente, senti que dei uma leve empalidecida.

_Mãe - comecei - antes de mais nada, quero dizer que te amo muito, e fico muito feliz em saber que você tomou tais decisões.

Ela sorriu novamente, mas percebi que seus olhos ainda estavam preocupados com o que eu iria dizer.

_O que eu tenho para te dizer, não é algo fácil, mas eu preciso fazer, isso está me sufocando, e como você disse, quer participar da minha vida...
_O que foi filho, você esta começando a me preocupar...
_Mãe, eu não sei nem como dizer isso...
_O que é Yan? você se envolveu com drogas?

Eu estava tão tenso que acabei soltando uma risadinha de deboche.

_Não mãe, não é drogas, tem a ver com a minha viajem a praia...
_Ah, claro...então o que é?
_Mãe, eu sou gay.

Nesse momento, eu tapei a respiração, o rosto dela mudou, seus olhos perderam o brilho, suas mãos caíram em cima de mesa, o olhar dela era  uma mescla de decepção com frustração, como se ela tivesse culpa da minha condição. Ficamos nos entreolhando durante aproximadamente meio minuto, que pareceu uma eternidade. Finalmente disse ela...

_Vá para seu quarto, preciso ficar um pouco só.

Essa frase caiu como uma bomba no meu estômago, me levantei, abri a boca para dizer algo, mas não consegui, ao passar por ela, notei uma lágrima escorrer de seu olho esquerdo. Caminhei até a porta de casa e olhei para traz, ela havia abaixado o rosto em seus braços, e eu não ouvia, mas sabia que estava chorando. Subi correndo para meu quarto, com o coração apertado, segurando para não chorar. Peguei meu celular e liguei para o Felipe. O celular só chamava, insisti, acho que liguei para ele umas dez vezes, exausto, extremamente triste por saber que havia desapontado minha mãe, me entreguei aos meus sonhos, e peguei no sono com o celular na mão. Queria saber como fora na casa do Felipe, mas ele não atenderia o telefone tão cedo.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

15º Cap. Certainty

Quando eu acordei percebi que o Felipe já havia levantado e ido dar sua corrida na praia. Eu sempre fui muito preguiçoso pra isso. Aproveitei esse momento, para pensar nas coisas que estavam acontecendo na minha vida, era tudo tão rápido, eu praticamente “virei” homossexual do dia pra noite, não, eu não “virei”, ninguém “vira” homossexual. Lembrei das histórias que Maria, uma senhora que trabalhou para nós durante alguns anos, os contos de fadas, as princesas e seus príncipes, mas e se acontecesse o contrário?
Um príncipe se apaixonasse por outro príncipe, ou uma princesa se apaixonasse por outra princesa. Certamente a história seria muito mais emocionante.
Quando dei por mim, estava com cara de bobo olhando pro teto do quarto. Me sentei na cama e olhei em volta.
Aquele ar litorâneo me fazia tão bem, a janela aberta com o sol invadindo uma parte do quarto, um grande guarda-roupas que ocupava uma parede inteira. Uma televisão de plasma toda em Black piano, uma pequena mesinha perto da janela feita de madeira, mas parecia de raízes, era muito simples, mas ao mesmo tempo glamorosa, as cadeiras eram do mesmo material, tudo muito limpo, tudo com cara de novo.
Me levantei, estava apenas com uma calça de moletom, sem camiseta.
Caminhei até a janela, e dei uma boa respirada naquele aroma incrível da serra. Minha barriga começara a roncar. Olhei para o relógio, e vi que ainda dava tempo de pegar o café da manhã. Corri para o chuveiro, tomei um banho morno, nunca tomo banho muito frio nem muito quente.
Abri a porta do quarto, quando eu coloquei o pé pra fora, eu esqueci de deixar um bilhete para o Felipe. Se ele chega no quarto e não encontra nem Yan nem bilhete, ele já entra em desespero .

Amor, fui tomar café da manhã, se chegar a tempo, desce para comer comigo.
Te amo Yan

Atravessei o portal aberto e fechei a porta, caminhei até o elevador, quando de trás de mim, bem perto da minha nuca ouço uma voz extremamente excitante:

_Olha olha, que sorte a minha descer bem agora.

Me arrepiou o corpo inteiro, quando eu fui ver, estava excitado. Olhei para trás era o Júlio.

_Ah...oi Julio
_Blz guri? Onde você vai a uma hora dessas? Cadê seu namoradinho esquentadinho?
_Ele foi correr, e eu to indo tomar café da manhã.
_É uma pena mesmo, eu não poder acompanhar você no café da manhã, tenho alguns assuntos a resolver.
[UFA!]
_Mas eu posso descer com você no elevador.

Respirei fundo e entrei no elevador com ele. Por acaso, só tínhamos nós dois no elevador.
O elevador começou a descer, depois de dois andares, o Julio caminhou tranquilamente até o painel dos números e apertou um botão que fez o elevador parar. Meu coração parou junto com o elevador, e meu membro ficou mais rígido.
Ele caminhou até mim e disse encostando o seu corpo no meu.

_Você me da tanto tesão, que eu seria capaz de arrancar sua roupa aqui mesmo.

Eu fiquei paralisado, a mão dele entrou na minha camiseta e desceu. Ele percebeu que eu estava excitado.
_Eu sabia que eu te dava tesão. Deixa esse seu namoradinho, vamos comigo pro meu quarto...

Ele começou a beijar meu pescoço, e as mãos dele a deslizar para traz, eu tentei segurar, quando eu estava quase cedendo o elevador começa a descer de novo.
Voltei a mim e empurrei o Julio.

_Você esta certo Julio, você me da tesão, mas eu amo meu namorado.

Ele deu aquele sorriso safado de canto de boca e disse descaradamente

_Blz Yan, mais cedo ou mais tarde, eu sei que pego você.

Quando o elevador parou a porta no 5º andar, ele saiu do elevador, que fechou a porta e desceu.
Eu estava com tanta fome, mas tão confuso pelo que tinha acontecido.
Quando eu cheguei no restaurante do hotel, sentei em uma mesa de dois lugares, logo veio o garçom, pedi pra ele um croissant e um suco de uva com leite.
Enquanto esperava o meu café da manhã, o Felipe apareceu, pingando de suor.

_E ai amor?
[Ofegante]
_Oi Fe..
_Ta tudo bem?
_Não...tá sim, leu meu bilhete?
_Sim, vim aqui fazer companhia pro meu namorado

Foi quando ele se sentou e disse baixinho

_O que você acha de comermos e depois subir e tomar um banho juntinhos? Não sabe no tesão que eu to, quase te acordei hoje.

Desde sempre até sempre que eu conheço o Felipe eu corei com essas coisas que ele dizia, não foi diferente.

_Pode ser amor
_Aconteceu alguma coisa que você não quer me dizer Yan, o que foi?

Pensei duas vezes antes de contar a verdade, e acabei mentindo.

_É fome mew, esse croissant que não chega nunca.
_HAHAHAHAHAH você é magro de ruim né mlk?

O garçom chegou com o meu pedido, logo o Felipe fez o dele, pediu umas frutas, um suco de manga e um lanche natural.
Comemos e rimos bastante das besteras que ele dizia. Comecei a devanear novamente, pensei em como eu amava aquele cara, como eu amava as besteiras que ele dizia, a super proteção dele, o ciúmes, o tesão, as palavras bonitas que ele me dizia, o jeito como me tocava. Logo esqueci que Julio existia, e esqueci do episódio do elevador.
Depois de comer, subimos e fomos pro banho. Ele estava com um fogo tão grande que quase me ergueu na parede do banheiro. Nos beijamos até tirar a roupa toda e entrar no chuveiro, ele beijou meu corpo inteiro, desceu e ao mesmo tempo que usava sua boca para me acariciar usava seus dedos para  me penetrar, depois de um tempo, levantou e me virou de costas. Naquele momento eu me lembrei como ele me completava, e como era bom estar com ele. Depois de uma transa de baixo do chuveiro, ele se trocou e ficamos deitados na cama durante um tempinho

_Fe, eu te amo tanto, que eu enfrentaria tudo e todos pra ficar com você
_É tão bom ouvir isso Yan. Te amo de mais meu menino lindo.

Ficamos deitados na cama, eu no peito dele e ele me abraçando durante quase uma hora. E eu só conseguia pensar em como seria a volta pra casa.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

14º Cap. The Travel


Então foi decidido, tiraríamos cinco dias para nós dois na praia, e com o nosso regresso, falaríamos com nossas famílias. Eu não comentei com o Felipe, mas confesso que esta apavorado de falar com os nossos pais, eu não tinha idéia de como minha mãe iria receber a notícia, e alguma coisa me dizia que o pai dele não aceitaria tão fácil. Mas decidi que eu não pensaria nisso até voltar de viajem, eu estava animadíssimo com a nossa ida ao litoral, uma pequena mudança de planos, eu e ele optamos por ir e ficar em um hotel, em uma praia que leva fama de ser o maior point gls litorâneo de São Paulo. Lá, saberíamos que não iríamos arranjar problemas com homofóbicos ou qualquer que seja o problema. Avisei minha mãe que eu viajaria...

_Mãe, eu decidi ir pra praia com uns amigos.

Notei o rosto de desapontada dela, que me deu uma pontinha de angustia...

_Ah... Eu planejava viajar com você esses dias... Pensei em Paris, Londres, Espanha.
_Desculpa mãe... Se você tivesse me avisado...
_É, tudo bem, vá se divertir com seus amigos.


Ela esboçou um falso sorriso no rosto. Eu sinceramente não me importava muito com o que ela sentira. Pode parecer algo monstruoso, mas era a educação que ela me dara. Com o Felipe as coisas foram surpreendentemente mais fáceis, ele falou para o pai que iria viajar com uns amigos, mas que poderia repor em horas extras depois, o pai dele generosamente cedeu os dias de férias prometendo não cobrar as horas extras. Não comentei com o Feh, mas eu acredito que o pai tenha incentivado a viajem porque vira o filho destruído depois do óbito do sobrinho mais querido por seu filho. Eu avisei a Mari da viajem, ela ficou entusiasmada, e com um sorriso no rosto disse que provavelmente roubaria sua idéia e viajaria com Isa.
Eu e Feh concordamos em rachar tudo, ele queria pagar, mas eu sabia que ele tinha uma faculdade para fazer. A princípio, eu me propus a pagar os gastos do hotel, e ele os do transporte, quase tivemos uma briga por causa disso. Então ficou decidido que seria tudo igualmente dividido. Resolvemos ficar em um hotel razoavelmente bom. O preço era bastante razoável, e o hotel de cinco estrelas nos agradara e muito, ainda mais por ter uma vista de frente para o mar. Decidimos viajar no sábado as seis horas da manhã. O plano era eu dormir na casa dele, ou ele na minha, acordar e ir embora. Mas tragicamente nossos pais resolveram tirar o a noite para ficar em casa, então decidimos que seria melhor cada um dormir em sua respectiva casa antes da viajem.
Eu estava deitado na minha cama, na noite de sexta, quando eram aproximadamente dez horas, meu celular tocou, era o Feh.

_Oi amor.
_Blsa lek?
_Aham.
_Então, to te ligando pra falar que eu vou dormir agora, mas to morrendo de saudades de você já. _Queria que meu namorado pudesse dormir aqui comigo.
_HAHA' aah eu também amor... Mas é só hoje, amanhã nos vemos.
_Cara, isso se eu conseguir dormir né, porque eu to tão ansioso pra ir com você pra praia, sem precisar fingir o que eu não sou.
_Eu também amor, to ansiosão.
_O que você ta fazendo agora?
_Ah to aqui deitado, pensando na vida.
_Na vida ou em mim? HAHAHA'
_E o que seria da minha vida sem você ein?

[Touchê]
_Ah lek seu perfeito
_HAHA' viu, não é só você que sabe falar coisas bonitas.
_É, mas é realmente bom quando você fala isso...
_Eu sei que não é com taanta freqüência, mas você sabe que eu te amo de mais.
_HAHA' não mais do que eu
_Por que acha isso ein ein?
_HAHA' quem foi que insistiu para ficar com você ein, ein, ein?
_Foi você...
_Ixi, que foi isso? Não senti muito entusiasmo não...
_É que me ocorreu uma coisa... Eu nunca ia imaginar isso Feh, que você ia ser o homem da minha vida, pode parecer meio forte dizer isso, mas sinceramente não me vejo mais longe de você.
_Caraca mlk, o que aconteceu contigo hoje ein?
_Nada por quê?
_Tu ta tão romântico, qualé? é pra me zuar é? Porque se for é melhor parar porque eu acredito ein HAHA'
_Prefere que eu seja seco então?


Minha voz saiu algo entre divertido e frustrado. Quem vê pensa que eu era um monstro com meu namorado.

_Nãão, ta loco, amo quando você fala assim comigo.
_Ah bom HAHAHA
_Mas tinha outra coisa que eu queria falar amor.
_O que Feh?
_Mano... O que foi aquele pega aqui em casa ein?
_HAHAHAHAHAHAHA eu sou muito bom pode falar.
_Bom? Bom é uma caixa de chocolate, você é delicioso


Mesmo ele sendo meu namorado, confesso que corei ao ouvir aquilo pelo telefone.

_Você também Feh, foi muito bom mesmo.
_HAHAHA ow, eu andei pesquisando, perto do hotel tem uma baladinha gls a gente podia colar lá né?
_Ia ser legal, faz um tempinho que não saímos de balada, tava quase indo com a mari um dia desses.
_Sozinho?
_Não, eu ia com a Mari.
_Ahá, muito engraçadinho você Yan...
_Nossa amor, não confia em mim?
_Confio, só não confio nos outros, e você sabe que tem um namorado ciumento
_Ta booom, eu não fui com ela, caalma.
_Ah, mas o que tem eu ir junto ein?
_Ah amor, não é por nada não, mas faz tempo que não saio só eu e ela...
_Bom, ta...
_Maas vamos esquecer isso ta bom?
_Ta boom amor. Então, eu acho que eu vou ler um pouco e dormir
_Você vai o que?
_Acho que vou ler... Por quê?
_HAHAHAHA nossa amor, é a primeira vez que eu ouço você dizer que vai ler algo.
_Ow tu ta me chamando de ignorante assim na caruda mesmo?
_HAHAHAHAHAHAHA não amor, em absoluto, eu só achei legal você ler um livro, que livro vai ler?
_Não sei ainda, tenho alguns para terminar.
_Ta boom então amor, eu vou assistir um filme e dormir.
_Blsa lek, te amo. Amanhã passo ai pra te pegar.
_Também te amo muito. Até amanhã.


Ao desligar o telefone, eu pensei um pouco no meu namorado, eu acho que ele se sentiu ofendido com a surpresa da leitura. E me ocorreu, que ele sabia tudo da minha vida, e eu nem tudo da vida dele. Como ele é na sala de aula? De onde veio a ambição de ser profissional de educação física? E os amigos dele da escola? O que aconteceu? Quantos namorados ele teve antes de mim?
Eu olhava para a minha aliança ao pensar nisso. Acabei adormecendo sem assistir o filme. Acordei com uma mensagem no meu celular.
Acorda e vai tomar banho, daqui a meia hora passo aí, Te amo.”
Levantei e fui arrumar as minhas coisas, fui tomar um banho, e como sempre, atrasado. Quando eu ainda estava me ensaboando, a buzina do carro tocou lá em baixo. Sequei-me imaginando a cara de impaciente dele lá em baixo. Me troquei e desci para me despedir da minha mãe, notei que ela olhava com um uma cara de curiosidade para a janela.

_Mãe eu to indo.
_Ah ta bom filho, divirta-se.
_Ta bom


Depois de um abraço ela me perguntou;

_Você não me apresentou esse seu amigo Yan.

Quando ela disse isso, senti como se tivesse engolido uma pedra, e lembrei que tínhamos combinado que logo que voltássemos de viajem, contaríamos para nossos pais.

_Quando eu voltar, eu trago a turma toda aqui pra você conhecer pode ser?

Ela deu um largo sorriso e assentiu com a cabeça me dando outro abraço apertado.
Saí de casa e entrei no carro. Olhei para fora e minha mãe continuava olhando pela janela...

_Eai amor

Ele veio tentando me beijar. Mas eu nem tinha percebido.

_Ai amor desculpa HAHAHA nem vi que tu tava vindo.
_Nossa achei que tinha ignorado meu beijo. O que te distraiu ein?
_Olha pra janela de casa.


Minha mãe estava lá, no piso inferior, olhando por entre as cortinas.

_Hum, você acha que ela desconfia de algo?
_Talvez... Bom, mas vamos quero chegar logo lá
_Então vamos.


O Feh colocou o carro para andar, e estávamos rumando ao litoral, passei quase que a viajem toda pensando na minha mãe.

_Tudo bem amor?
_Oi? Ah, ta sim amor.
_Ta calado...
_Só tava pensando na minha mãe amor, nada de mais.
_Relaxa amor, quando voltarmos, vamos contar tudo para eles.
_Feh, como acha que seu pai vai receber essa noticia?
_Não sei, mas se bem conheço meu pai, ele vai querer partir pra cima.
Não sei o que mais me indignou naquela hora, se era o que ele acabara de dizer, ou na naturalidade que ele dissera.
_E você fala isso assim?
_HAHAHAHAHA amor, você viu o tamanho do meu pai e o meu tamanho?


O pai do feh era ligeiramente mais baixo do que o filho, um tanto magricelo. Em que diz respeito à maça corporal, o feh dava dois dele.

_Mesmo assim Felipe vai bater no seu pai?
_Não amor, mas vou me defender. Ele não vai conseguir me machucar. E ele é compreensivo sei que depois de uns dias as coisas vão amenizar.
_Nossa Feh...


Continuamos a viajem com conversas mais descontraídas. Rimos muito dentro do carro. A viajem duraram mais ou menos uma hora e meia. Chegamos ao hotel, onde o manobrista levou o carro para o estacionamento, depois de passar pelo Check in fomos para nosso quarto, que era sutil, e levemente glamoroso. Uma cama de casal no quarto, com um frigobar, uma banheira, e uma varandinha que dava de frente para o mar. Nós nos beijamos, e desarrumamos as malas.
O Hotel era ótimo, além da praia, tinha várias piscinas, quadras de tênis, futebol e outros esportes, salão de jogos, cinema, sauna entre outras coisas, além de um maravilhoso restaurante que tinha comida italiana, japonesa e francesa.
Descemos para a praia, passamos os dois primeiros dias da viajem muito bem, entre a praia as piscinas ou no quarto assistindo TV ou fazendo sexo. O Feh havia feito alguns amigos que jogavam futebol todo dia de manhã, a maioria das pessoas que nós conhecíamos lá eram gls. No segundo dia eu estava vendo o Feh jogar futebol na arquibancada, quando sem perceber, um garoto sentou ao meu lado. Olhei de canto de olho, o garoto parecia ser mais alto que eu, mas, mais baixo do que o Felipe. Ele tinha lindos olhos azuis, estava sem camiseta, só de bermuda, tinha uma tatuagem de um dragão nas costas, e o corpo dele era excepcionalmente lindo.

_Gatinhos eles não é?
_Per... dão?
_Os caras lá que estão jogando. Você não acha?
Olhei pra ele com um olhar meio confuso e ele disse.
_Mas não são só eles, você é uma gracinha

Fiquei com tanta vergonha que eu não consegui esconder meu rosto avermelhado.

_Obrigado... E você é?
_Ah, Júlio, prazer.
_Yan...
_E ai? Viajando?
_Aham...
_Veio sozinho?
_Não, vim com meu namorado, aquele ali.

Apontei para o Feh que estava sem camiseta, suando e cobrindo os olhos com a mao para se proteger do sol.

_Hum, dahora, você tem bom gosto. Acontece que eu também tenho.

Ele estava passando a mão encima da minha que estava encostada na arquibancada me dando equilíbrio.

_Você me ouviu dizer que ele é meu namorado?
_Desculpe minha indelicadeza


Ele tinha uma expressão de safado, e um meio sorriso hipnotizante.

_Por que vocês não saem comigo para uma balada que tem aqui perto do hotel a noite?
_Não sei se ele vai aprovar...
_Sem truques, eu prometo.


Estava olhando tanto para o sorriso do Júlio, que eu nem percebi que o Feh chegou perto.

_Atrapalho algo?

Ele estava visivelmente perturbado.

_Não amor, esse é o Júlio. Júlio, esse é o Felipe, meu namorado
_Uh! Prazer ein
_Pode ficar com o seu prazer, vamos embora Yan.


Ele segurou meu braço, e saímos andando em direção ao hall de entrada do hotel.

_Minha proposta ainda está de pé. Qualquer coisa estou no quarto 102

Gritou ele quando estávamos  chegando na porta do hall.
Ao chegar no quarto, o Feh estava muito bravo.

_Mano, foi por muito pouco que eu não estourei aquele mlk ali mesmo.
_Calma ow, relaxa
_Calma? Da em cima do meu namorado na minha frente, e depois em cima de mim. É mesmo para ter calma?
_Calma sim, você tem que controlar seus nervos Feh.
_Controlar mais do que eu já fiz? Se eu não tivesse me controlado aquele sorriso dele tinha se desmanchado em mil dentes pelo chão.


Fiquei quieto, sabia que quanto mais eu falasse, mais íamos discutir.

_E o que era a proposta dele ein?

Nessa hora ele ficou tão vermelho que achei melhor mentir.

_Sorvete, falou pra irmos tomar com ele.
_Não quero você andando com ele certo?
_Ta bom Feh, ta bom...


Depois disso, tomamos um banho relaxante juntos, e fomos descansar. Deitado na cama eu estava pensando... Se esse foi só o começo das férias... Imagina o que não deve acontecer antes de sairmos. Ao lembrar do Júlio, acabei ficando excitado e fiz um esforço tremendo para pegar no sono. Dormi, pois sabia que a partir do dia seguinte, as coisas iam esquentar.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

13º Cap. Decisions


Depois de alguns dias, Lucas retomou suas atividades, voltou a trabalhar estudar, e a sair conosco.
Eu ainda estava no meio das férias, ir ao cinema com o Lucas, andar de bicicleta no parque com a Mari e  a Isa, e sair com meu namorado. Mas eu queria mais que aquilo, então decidi: Eu e o Feh, vamos viajar! Pra onde? Ele não aceitaria que eu bancasse a viajem toda, logo, fora do Brasil não seria algo viável, talvez o litoral onde minha família tem uma casa na praia. Como? Isso é fácil, ele dirige. Com quem? Apenas eu e ele. Quando? O mais rápido possível.

Terça-feira 20:00 pm telefone

 
_Alô
_Oi amr blz?
_Aham... Já chego em casa?
_Já sim, hoje sai um pouco mais cedo do trabalho, mas daqui a pouco vou pra faculdade, tava pensando em passar ai depois.
_Eu adoraria man, mas eu acho que não vai dar. Minha mãe resolveu ficar em casa.
_Ah, então viemos pra minha casa se você quiser.
_Blz, preciso mesmo conversar com você. Mas eu vou pra sua casa de ônibus, você já vai ta cansadão.
_Não Yan, relaxa ow, eu passo ai, te parece que eu vou deixar meu namorado andando por ai a noite sozinho.
_Eu sei me cuidar muito bem sozinho.
_HAHAHAHAHA


ele deu uma gostosa gargalhada

_Não entendi, eu to falando sério.
_Ta bom, ta bom lek, mas eu vou te buscar e fim de papo.
_Ta bom Felipe, ta bom.
_Ixi, vai fica bolado com isso?
_Ah feeh é só hoje.
_Ta bom... Mas tenta se cuidar blz?
_Sempre me cuido :p
_Tá... Que horas tu vai lá pra casa?
_Tava pensando em ir onze horas.
_Mano, é tarde lek, deixa eu te buscar?
_Eu vou de taxi então. Ta bom assim?
_Tá, fico mais tranqüilo. Vai dormir em casa.
_Acho que sim, seu pai vai ta lá?
_Não, hoje ele vai trampa à noite.
_Tendi. Então lá pra umas onze e meia eu to na sua casa.
_Ta bom, mas o que você quer falar é muito sério?
_Hum, mais ou menos
_Mas é bom ou ruim?
_Bom
_Ah ta.
_Então eu vou arrumar umas coisas aqui, fazer algo pra passar o tempo e onze e meia eu to na sua casa.
_Blz amr.
_E presta atenção na aula, certo? Se não a coisa fica feia pra você.
_HAHAHAHA, que medo de você ein lek.
_É bom mesmo ter viu hahaha
_É, vamos ver hoje quem vai ter medo de quem lá em casa
_HAHA, meu namorado é mei safado
_Como se você não gostasse.
_Nunca disse que eu não gosto  HAHA.
_HAHAHAHA, blz amor eu vou pra facul, e hoje a noite a gente se fala. Te amo lek.
_Também, beijo.


Fui caçar o que fazer nesse meio tempo, liguei o computador, mas não tinha muito o que fazer na internet, então eu desliguei e fui ver um pouco de televisão, eu poderia escrever um livro das besteiras que eles passam na televisão. Quando foi dando dez e meia, fui tomar banho. De baixo do chuveiro, eu fiquei imaginando meu namorado lá comigo, passando a mão no meu corpo, beijando minha nuca, me segurando com força. Quando dei conta, estava excitado, mas pensei “terei a noite inteira pra isso”. Saí do banho era cinco para as onze, escolhi uma roupa para ir, pensei “ele adora minhas cuecas vermelhas, mas ele pira quando eu estou com uma branca” peguei uma branca boxe que já é meio transparente. Me troquei, passei perfume,  liguei para um taxista, que um dia desses eu peguei o cartão dele. Em dez minutos o taxi estava na porta de casa, desci pelas escadas até chegar na sala, minha mãe estava lá, de camisola, lendo em frente a lareira.

_Mãe, vou dormir na casa da Mari.
_Filho, você tem cinco minutos?
_Tenho...
_Sente-se, por favor.

[Me sentei em uma poltrona em frente a dela]
_Pode falar mãe.
_Filho, você acha que eu sou uma mãe ruim?

[sinceramente?]
_Ah mãe... Eu acho que às vezes você... Prioriza outras coisas menos importantes, mas eu não acho que seja uma mãe ruim.
_Eu me sinto tão distante de você Yan, digo, quando eu estou em casa, você não está, e quando eu saio você fica aqui sozinho.

[não acho que “sozinho” seja a melhor palavra]
_Ah mãe, não tem nada a ver, eu sei que você trabalha e tudo.
Ela estava realmente triste, não é normal ver minha mãe assim.
_Yan, eu prometo, que eu vou ser uma mãe melhor daqui pra frente.
_Ta bom mãe...


Minha língua coçou pra dizer tudo de uma vez “mãe eu namoro um mlk”, mas eu preferi ficar calado.

_Bom, eu vou indo, o taxi ta lá fora.

Ela se levantou junto comigo, e me abraçou, nesse momento tudo parou, procurei desesperadamente em minha memória, quando ela tivesse feito isso alguma vez na minha vida. Não achei. Era a primeira vez que eu sentia um abraço de verdade da minha mãe. Senti o pranto querendo escorrer pelo meu rosto, mas eu o segurei, fui para o taxi.
_Para onde?
_Rua Alvin Dias, por favor.
[chorei baixinho dentro do carro]
Ao chegar na casa do Feh, ele estava visivelmente impaciente, me esperando do lado de fora. Sequei o rosto, paguei o taxista e saí do carro.  Cumprimentei-o com um abraço apenas e entramos na casa dele.
_Por que demorou tanto?
_Calma feh, só cheguei um pouco atrasado.


Quando eu olhei no relógio, vi que estava meia hora atrasado.

_Ops...
_Aconteceu algo lek?
_Só uma conversa com a minha mãe.
_Ah menos mal, eu já pensei no pior Yan.
_Calma Feh.


Ele me abraçou, e eu senti a tensão deixar o corpo dele. Eu o beijei.

_E então, o que queria falar comigo?
_Hum, vamos nos sentar primeiro

Meu namorado estava realmente excitante, simples, mas excitante, ele estava com uma causa de moletom cinza, e sem camiseta, exibindo seu corpo escultural, o cabelo abaixado, provavelmente acabara de sair do banho, e estava com um perfume que eu adorava.

_Feh, você esta excepcionalmente gostoso hoje.
_HAHAHA, se eu soubesse que era isso que você tinha pra me dizer eu nem tinha me preocupado com o taxista, te agarrava la mesmo.
_HAHAHAHA, mas não é isso amor, é outra coisa.
_Então fala lek, antes que eu arranque sua roupa. :p


Ele tava me provocando.

_Vamos viajar? :D
_HAHAHAHA, pra onde amor?
_Minha família tem uma casa na praia, queria ir pra lá, eu e você.


Ele se aproximou, e passou suas mãos pela minha cintura, me puxando para junto dele.

_Só nós dois?

Disse ele pertinho do meu ouvido. Ele estava provocando, maais ainda.

_Isso, só nós dois, consegue pedir férias?
_Bom, eu trampo com meu pai né, vou precisar de uma boa desculpa, mas eu acho que consigo sim.
_Ótimo.


Ele estava grudado em mim, sua boca já passeava pelo meu pescoço, e minha mão já estava se aventurando pelo seu corpo.
Estávamos no sofá da sala dele. Eu estava explodindo, fazia um tempinho que eu e o Feh não nos pegávamos assim. Minha mão segurou na cintura dele, apertando-a. Ele me segurou com força e me deitou no sofá. Eu e o Felipe, sempre que fazíamos sexo, era algo mais calmo, algo mais romântico, dessa vez não, ambos estavam expelindo tesão por todos os poros, o suor começou a descer , e ele começou a ficar cada vez mais ofegante. Ele tirou uma camisinha do bolso. Eu e meu namorado passamos uma hora naquele sofá, ultrapassando todas as paredes da decência, sons, tatos, cheiros. Depois que acabamos, ambos precisavam de um banho.

_Nossa...eu não lembro da gente ter feito isso.
[ofeguei]
_Verdade lek...ufa!
_Já ta cansado amor? :p
[provoquei]
_Nem um pouco :p
_Vamos tomar banho?

_Só se for agora!

Fomos para o chuveiro, e continuamos lá, ele veio beijou minha nuca, passando a mão pela minha barriga. Fizemos muitas coisas naquele chuveiro. Saímos de lá, e fomos para o quarto dele. Ele trancou a porta, para caso o pai dele chegasse, e nos deitamos na cama dele. Ele deitou atrás de mim, e falou no meu ouvido

_Eu te amo tanto, que eu seria capaz de enfrentar tudo e todos por você!
_ O que quer dizer com isso Feh?
_Acho que esta na hora de falarmos com nossos pais.

[Engoli em seco]
_Eu também acho!

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

12º Cap. Resumption


Depois do Feh, eu sabia que ainda tinha que falar com o Lucas, e sabia também, que esse seria mais dificil. Como eu me sentiria se eu perdece o Feh? Será que eu permitiria que alguem se aproximasse de mim? Eu não sabia as respostas para essas perguntas, mas eu tinha que fazer, me sentia na obrigação. Então fui até a casa dele.

Sábado - 13:30 pm Casa dos Leal.

_Oi Isa, o Lucas está?
_Oi Yan, está sim...entra.
_E como ele está?
_Na mesma...pode subir, ele está lá.

Subi as escadas deixando o hall de entrada da casa dos Leal. Lucas Borges Leal e Isabella Borges Leal, moravam sozinhos, desde que seus pais morreram deixando uma herança gorda para os mesmos. Isabella trabalhava com moda, e Lucas trabalhava com publicidade. A casa era estravagantemente bonita. Com quadros de seus pais pregados nas paredes, e um pequeno altar em cima da lareira com as fotos da familia junta. Depois de subir as escadas, virei para a direita, e fui reto até a ultima porta do corredor. Passei por um espelho que me fez parar. Ele era detalhado, com leves curvas e ondulações, feito de prata. Eu olhei meu reflexo no espelho, e pensei, por que eu estava la? seria mesmo melhor se eu fosse falar com ele? Sim, o Ari não gostava de ninguem triste, que dirá o Lucas. Eu precisava fazer isso não só pelo Lucas, mas também pelo Ariel. Me virei, e bati na porta do quarto. Ouvi um murmurio que soou como um "entra". Entrei, o quarto dele estava escuro, guarda-roupas, que estava ao meu lado direito, estava todo aberto, e as roupas jogadas no chão. O colchão da cama, rasgado, a televisão em frente ao guarda-roupas quebrada. E até então eu não havia achado o Lucas, olhei em frente, ultrapassando a cama, chegando em uma cortina, que cobria uma porta, que dava para uma pequena varanda, caminhei até lá, mas ao chegar do outro lado da cama, algo segurou a barra da minha calsa, quando eu olhei, era o Lucas, estirado no chão, com um olhar fundo de vazio. Ele era um guri muito bonito, mas estava com uma barba, cabelos compridos e exalava um cheiro de coisa velha. A roupa, visivelmente velha e suja. Me abaixei e simplesmente o abracei. Ele começou a chorar, soluçar. Era realmente triste. Ainda abraçado com ele comecei a falar

_Luck, olha pra você.
_Não tenho mais vontade de nada mlk...nem de viver.
_Para de falar besteira, nós amamos você mew, e está todo mundo preocupado com você.
_Por que Yan? por que ele?
_Porque tinha que ser assim Lucas.
_Mas ele era tão puro, inocente, não fazia e nem desejava o mal de ninguem, ele era tão feliz.
_Ele era feliz Luck, e além disso, ele fazia o impossivel pra poder deixar todos ao redor dele feliz, você acha que ele esta feliz vendo você assim?
_...

Soltei ele, ele estava com os olhos vermelhos e inchados

_Você precisa retomar sua vida Lucas, voltar a trabalhar, voltar a sair com os amigos. Era isso que Ari queria que você fizesse
_Mas eu não consigo Yan, ele era a minha sustentação, ele quem sempre me animava, sempre me encorajava.
_Mas você ja era feliz antes de conhecer ele Luck, volte a ser o que você era.
_Eu não consigo...
_Consegue sim. Você nem ao menos esta tentando. E enquanto ele estiver ai
[apontei pro coração dele]
_ Ele vai existir e vai te amar pra sempre.

Ele abaixou a cabeça e se levantou, caminhou até perto do guarda-roupas onde tinha umas coisas jogadas e pegou uma foto, do dia em que fomos no parque, estávamos todos na foto, eu e Felipe, Isa com a Mari, e ele com o Ari. Ele olhou bem para o sorriso do Ari, olhou pra mim e disse

_Eu vou tentar Yan.

Andei até ele e o abracei.

_Você sabe que eu te amo também não é? Qualquer coisa que precisar é só falar comigo
_Vlw mlk, também te amo.

Saí do quarto dele, e me deparei com Isa do lado de fora do quarto, com cara de aflita;

_E como foi?
_Eu acho que consegui.

Dois minutos depois, ele estava saindo do quarto e indo em direção ao banheiro. No caminho, parou e abraçou Isa, que começou a chorar, aliviada. Resolvi que eu tinha que ir embora.
Chegando em casa, liguei pro Feh.

_Feh, tem como você vir aqui em casa?
_Agora?

_Vo sim amor, só vou terminar uma pesquisa da faculdade aqui e eu ja vou.
_Ta bom.

Fiquei feliz em ver que o Feh ja estava ocupando sua cabeça com a faculdade. Enquanto ele não chegava, fiquei pensando no Ari. Como a vida é injusta...
Acabei adormecendo. Fui acordado com  abusina do carro do Feh do lado de fora. Fui lá, abri a porta pra ele e fomos para o meu quarto. Nos abraçamos lá, e começamos a nos beijar.

_Feh, me promete uma coisa?
_Tudo que você quiser
_Nunca vai fazer nada imprudente?
_Como assim?
_Só promete.
_Ta bom amor, prometido, sem imprudências
_Eu te amo muito!
_Eu também lek.